As lembranças de alguns conteúdos em sala de aula, me
levaram a refletir sobre a realidade enfrentada por mim em sala de aula. As
condições das primeiras fabricas, levaram os trabalhadores a reagir formando os
primeiros sindicatos, buscando melhores condições de trabalho e melhores
salários. A revolução francesa que não conseguiu fazer da França um sonho de
democracia, mas mudou algumas realidades como a dos impostos, pesadíssimo que
sustentavam o primeiro e o segundo estado, poderia me ater a dezenas de exemplo,
prefiro fazer apenas um recorte para uma reflexão.
Nas minhas contas
são 20 anos de magistério, intercalados com 7 e poucos meses em uma gestão que
foi tão difícil e me acarretou problemas no coração. Em 2013 voltei para a sala
de aula, ambiente muito quente, meninos que não são fácies de lidar um lugar
insalubre, som de ventilador, inquietude, uma realidade
gritante.
Podemos juntar
então dois problemas de saúde que foram se desenvolvendo ao longo da minha
vida, um problema de voz fenda vocal acompanhada de sulco
vocal congênito e a cardiopatia, isso me acarreta duas
necessidades básicas, tomar bastante água porque tenho que estar refrescando a
garganta pra não ficar ressecada, por causa do calor e dos ventiladores, usar
uma aparelho de som, para ajudar na voz, ainda tenho que tomar remédios para
diminuir a pressão cardíaca um deles diurético, o que faz acontecer desconfortos, tomar muita água que gera uma necessidade involuntária de ir no banheiro.
Por causa dessa
necessidade já fui chamado algumas vezes atenção pelos gestores da escola,
perguntando ou indagando porque tem que
ir tanto ao banheiro? O fato é que realmente não podemos sair da
sala assim tantas vezes, não tem uma pessoa para ficar controlando os meninos
que são violentos e ficam sempre agitados, trocando insultos que das muitas das
vezes vão as vias de fato(troca de agressões verbais, algumas vezes física).
Mas até quando conseguiremos suportar essa
realidade? A ideia de deixar tudo sobre controle, meninos e aula, faz a gestão
fechar os olhos deixando de
reconhecer o professor como ser humano. Professores(as) tem necessidades, professores(as)
sentem, professores(as) tem familiares, são poetas, artistas,
criativos, precisam se alimentar de esperança,
de pão, de café com tapioca, de conversas sem eira nem
beira que faça rir, professores precisam agir e o fazemos tudo possível pra
enfrentar essa realidade tão dura. e,
apesar de tudo, fazemos todo o possível para enfrentar essa realidade tão dura]
A pergunta:
O que faremos para que tudo não continue tão
assim? Tão entre a cruz e a espada?
Manu Kelé! Professor de História da Rede Municipal de Ensino, musico, compositor
e poeta. Acadêmico da AAFROCEL. (Academia Afrocearense de Letras), ocupante da
cadeira 44. Patrono: Joaquim Nambuco.
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