Baião de dois

  • https://open.spotify.com/artist/5lOIjIV9nUjpYL1GVi9lZf?si=k7RF06B-RiWBH-kfmnvvYw&utm_source=copy-link

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Entre a cruz e a espada

                Entre a cruz e a espada

               As lembranças de alguns conteúdos em sala de aula, me levaram a refletir sobre a realidade enfrentada por mim em sala de aula. As condições das primeiras fabricas, levaram os trabalhadores a reagir formando os primeiros sindicatos, buscando melhores condições de trabalho e melhores salários. A revolução francesa que não conseguiu fazer da França um sonho de democracia, mas mudou algumas realidades como a dos impostos, pesadíssimo que sustentavam o primeiro e o segundo estado, poderia me ater a dezenas de exemplo, prefiro fazer apenas um recorte para uma reflexão.
                 Nas minhas contas são 20 anos de magistério, intercalados com 7 e poucos meses em uma gestão que foi tão difícil e me acarretou problemas no coração. Em 2013 voltei para a sala de aula, ambiente muito quente, meninos que não são fácies de lidar um lugar insalubre, som de ventilador, inquietude, uma realidade gritante.
                 Podemos juntar então dois problemas de saúde que foram se desenvolvendo ao longo da minha vida, um problema de voz fenda vocal acompanhada de sulco vocal congênito e a cardiopatia, isso me acarreta duas necessidades básicas, tomar bastante água porque tenho que estar refrescando a garganta pra não ficar ressecada, por causa do calor e dos ventiladores, usar uma aparelho de som, para ajudar na voz, ainda tenho que tomar remédios para diminuir a pressão cardíaca um deles diurético, o que faz acontecer desconfortos, tomar muita água que gera uma necessidade involuntária de ir no banheiro.
                  Por causa dessa necessidade já fui chamado algumas vezes atenção pelos gestores da escola, perguntando ou indagando porque  tem que ir tanto ao banheiro?   O fato é que realmente não podemos sair da sala assim tantas vezes, não tem uma pessoa para ficar controlando os meninos que são violentos e ficam sempre agitados, trocando insultos que das muitas das vezes vão as vias de fato(troca de agressões verbais, algumas vezes física).
                 
                      Estamos entre a cruz e a espada, um empenho constante dentro e fora de sala, a maioria dos professores, como eu, se empenha ao máximo tentando fazer ações de cordialidade, no meu caso me envolvo em trabalho com o que mais gosto de fazer; musicalidade e poesia, ajudo sempre e sempre a gestão.

               Mas até quando conseguiremos suportar essa realidade? A ideia de deixar tudo sobre controle, meninos e aula, faz a gestão fechar os olhos deixando de          reconhecer o professor como ser humano.  Professores(as) tem necessidades, professores(as)  sentem, professores(as)  tem familiares, são poetas, artistas, criativos, precisam se alimentar de esperança, de pão, de café com tapioca, de conversas sem eira   nem beira que faça rir, professores precisam agir e o fazemos tudo possível pra enfrentar essa realidade tão dura.  e, apesar de tudo, fazemos todo o possível para enfrentar essa realidade tão dura] 
                   A pergunta: O que faremos para que tudo não continue tão assim? Tão entre a cruz e a espada?




Manu Kelé! Professor de História da Rede Municipal de Ensino, musico, compositor e poeta. Acadêmico da AAFROCEL. (Academia Afrocearense de Letras), ocupante da cadeira 44. Patrono: Joaquim Nambuco.





Nenhum comentário:

Postar um comentário